Fonte: Canaltech
05/10/2021
Um segmento ainda pouco explorado pelas startups nacionais, o setor público, acaba de ganhar um fundo criado pela KPTL e pela Cedro Capital. E um parceiro já aposta na iniciativa: a Multilaser é a primeira investidora estratégica do Fundo Govtech. A empresa tem um portfólio de mais de 5 mil produtos de diversas categorias.
A companhia vai injetar até R$ 20 milhões no projeto, que tem planos de captar cerca de R$ 200 milhões no total. “É uma mescla de propósito e negócios. Estamos unindo o útil ao agradável”, diz Alexandre Ostrowiecki, CEO da Multilaser, em entrevista ao NeoFeed.
Não é a primeira vez que a empresa busca ingressar no mundo do capital de risco: o WE Ventures, fundo de incentivo ao empreendedorismo feminino em tecnologia, já recebeu R$ 10 milhões da companhia. Além disso, ela participa do fundo da Qualcomm Ventures centrado em internet das coisas.
Renato Ramalho, CEO da KPTL, diz que a entrada da Multilaser no projeto vai muito além do investimento em si. “Eles decidiram patrocinar a vertical de educação, uma das minhas ‘caixas’ preferidas e um dos grandes problemas que o Brasil tem”, aponta.
Como muitas govtechs são voltadas a serviços e software, é possível fazer integração com equipamentos da Multilaser. No caso da educação, podem ser usados os tablets da companhia.
Saúde e segurança, na visão de Ostrowiecki, também são áreas críticas do setor público em que a parceria pode funcionar. “Em saúde, temos oxímetros, medidores de pressão, vestíveis e recursos de internet das coisas, o que será um paradigma do setor no futuro”, afirma. “Já em segurança, há uma tendência mundial de equipar as polícias com live cams e que ainda patina no Brasil.”
No Fundo Govtech, além de participar do comitê que vai analisar os investimentos, a Multilaser pode exercer outros papéis. “Desde que o cercado regulatório seja respeitado, o céu é o limite”, diz Ramalho. “Isso envolve desde a agenda comercial das startups e o uso da infraestrutura da Multilaser até a possibilidade de testar ou embarcar soluções em produtos da empresa.”
Outros interesses
O fundo tem interesse, ainda, em outros sete segmentos. São eles: habitação e urbanismo, infraestrutura e mobilidade, saneamento, meio ambiente e defesa civil, cidades inteligentes, legal e regulatório, cidadania, e gestão pública.
A iniciativa busca startups que já têm produto e receita. Para começar, 60% dos R$ 200 milhões serão destinados a investimentos iniciais. Os outros 40% devem sere usados em rodadas subsequentes nas empresas que se destacarem. “Os cheques vão variar entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões e a ideia é investir entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões ao longo da vida dessas companhias”, diz Ramalho.
Ele explica que já há 15 startups em estágio avançado de análise e mais de 600 projetos mapeados. A base do portfólio deve ser fechada com 20 a 25 startups. “Não temos problema nesse pipeline”, afirma Ramalho. “O que não faltam são boas oportunidades para pescar nesse aquário.”
Ramalho destaca que muitas startups têm criado soluções rápidas, baratas e especializadas para o segmento. “Hoje, no Brasil, quase 50% do PIB de tecnologia vem do Estado”, diz. “Estamos falando de serviços de massa. E, naturalmente, esse é um mercado que qualquer fundo de venture capital vai querer se aproximar.”