O que é Venture Capital / Private Equity (VC/PE)?
maio 3, 2016

Conhecido também como capital de risco, VC/PE é uma atividade na qual investidores, atuando através de fundos ou veículos próprios de investimento, injetam capital em empresas em troca de uma participação societária. Durante o período em que o investidor permanece investido na empresa (período de monitoramento) busca-se agregar valor à empresa além do capital em si. Esse tipo de investimento é conhecido como smart-money, ou seja, não é apenas dinheiro injetado na companhia e sim uma combinação de capital e auxilio na estratégia e gestão da empresa. Posteriormente, o fundo se desfaz desses títulos e sai da operação, sempre com o objetivo de gerar retorno aos seus cotistas.

No Brasil, esses fundos são constituídos como Fundos de Investimento em Participação (FIP) ou Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes (FMIEE) e são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários através das instruções 391/03 e 209/94, respectivamente.

Entre as duas modalidades, VC e PE se diferenciam principalmente quanto ao estágio das empresas que buscam investir.

Venture Capital é uma modalidade investimento focada em empresas emergentes. De forma geral, tratam-se de empresas com um menor porte de faturamento (alguns fundos consideram até empresas em estágio pré-operacional), mas com grande potencial de crescimento.

Private Equity é uma modalidade de investimento que tem como foco empresas já consolidadas. Geralmente, trata-se de investimentos que também buscam acelerar o crescimento das empresas investidas que estão em um estágio de maturação mais avançado do que investimentos de VC.

Como os fundos de VC/PE geram valor para as empresas investidas?

Diferentemente de outras modalidades de investimento onde investidores alocam recursos no ativo desejado e acompanham passivamente a sua performance, gestores de PE/VC geralmente monitoram os seus investimentos de forma ativa, influenciando diretamente no andamento e gestão das empresas investidas. Portanto, além da injeção de capital, a criação de valor ocorre através de um suporte estratégico e da promoção de melhorias na gestão e na governança corporativa das empresas investidas.

Nesse contexto, fundos de VC/PE são peças importantes para o desenvolvimento econômico nacional. Por agregar valor tanto aos investidores quanto às empresas, tais fundos representam uma oportunidade para aumento da eficiência e produtividade da economia brasileira.

Como se dá a saída do investimento de fundos de VC/PE?

Tradicionalmente, os fundos de VC/PE saem das empresas investidas através de quatro formas:

  1. Venda estratégica para outras empresas no mesmo setor (trade sale)
  2. Estrutura de recompra da participação do fundo pela própria empresa ou acionistas controladores (estrutura de recompra)
  3. Venda de participação para outros Fundos de VC/PE (secondary sale)
  4. Abertura de capital da empresa (IPO)

De onde vem o Capital a ser investido em VC/PE?

Os recursos dos fundos de VC/PE provêm majoritariamente de investidores institucionais (como fundos de pensão, seguradoras, instituições de fomento, agências de inovação, family offices e fundo de fundos). Tradicionalmente, a própria gestora também investe recursos próprios em seus fundos de VC/PE.

Qual a rentabilidade esperada de um fundo de VC/PE?

Não há consenso e existem diversos estudos sobre o tema. Um bom artigo que lemos recentemente sobre o assunto foi um estudo conduzido pela gestora Spectra Investiments em parceria com pesquisadores do Insper que encontrou uma média de retorno anual bruto de 22% em dólares. Tal estudo considerou 46 fundos que levantaram capital entre 1990 e 2008 . Para acessar o estudo Clique Aqui.

Importante sempre observar que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.

Posso ser investidor de um fundo de VC/PE ?

Os fundos de VC/PE são produtos financeiros normalmente destinados a investidores institucionais qualificados.

Caso você ou a organização que representa se encaixe no perfil de investidor qualificado e deseje conhecer mais sobre o FIP Venture Brasil Central, entre em contato conosco: contato@cedrocapital.com

Como os fundos de VC/PE se diferenciam?

Os fundos de VC/PE possuem diferentes estratégias que estão alinhadas com a vocação e expertise de cada  gestora.

Por exemplo, existem fundos que somente investem em empresas nas quais tenham o controle acionário. Já outros fundos buscam participações minoritárias lastreadas por acordo de acionistas. Há também fundos que fazem apenas o turnaround de empresas com dificuldades financeiras, enfim, existe uma diversidade de fundos e estratégias.

A Cedro Capital nasceu com a missão de ser a principal gestora de fundos estruturados da região central do Brasil (Centro-Oeste, Triângulo Mineiro, Noroeste de MG e Sul de Tocantins). Nossa estratégia de investimentos baseia-se em adquirir participações minoritárias influentes, sempre lastreadas por acordo de acionistas, não possuindo mais do que 49% (quarenta e nove por cento) do capital social das empresas a serem investidas.  Com um time de profissionais com sólido histórico e experiência comprovada no mercado de capitais brasileiro, dispomos da expertise necessária para criação de valor nas empresas investidas.

Por que uma empresa deve buscar essa forma de investimento?

Há diversas razões que podem tornar VC/PE a forma mais atraente para as empresas financiarem seu crescimento.

Para muitas, especialmente empresas emergentes, VC pode ser a única alternativa para um financiamento significativo que a possibilite executar sua estratégia. Empresas neste estágio normalmente não dispõem do porte necessário para acessar linhas bancárias tradicionais e o capital disponível dos sócios também não é suficiente para promover o crescimento da companhia.

Outras empresas podem ter o porte necessário para acessar linhas bancárias tradicionais, porém preferem um financiamento mais flexível, como por exemplo através da emissão de novas ações para serem adquiridas por um fundo de VC/PE. Investidores de VC/PE focam no retorno a longo prazo e assumem o risco da operação da empresa junto aos sócios originais.

As empresas devem enxergar em um fundo de VC/PE a figura de um novo sócio, porém com um caráter institucional e profissionalizante. Fundos de VC/PE geralmente são geridos por profissionais com experiência em gestão corporativa e podem auxiliar as empresas investidas na negociação de contratos com fornecedores/clientes, em processos de fusões e aquisições, contratação de novos profissionais qualificados, implementação de boas práticas de governança corporativa, entre outras.

Como funciona o investimento de um fundo de VC/PE?

O processo desde o primeiro contato empresa-fundo e a concretização do investimento é longo e requer um considerável dispêndio de tempo e energia de ambas as partes. Por isso, recomendamos que empresários e empreendedores se certifiquem que a empresa esteja apta a receber este tipo de investimento e que realmente haja alinhamento entre companhia e a proposta do fundo de VC/PE.

Fonte: Guia ABVCAP
  1. Originação – Identificação da empresa pelo fundo e primeiro contato com sócio(s)
  2. Análise – A empresa fornece ao fundo informações para que este possa analisar seu modelo de negócios, atributos competitivos, mercado, balanço, equipe, entre outros. O objetivo nessa fase é diminuir a assimetria de informações entre a empresa e o fundo.
  3. Precificação – A partir da análise, o fundo faz uma avaliação econômico-financeira do valor da empresa.
  4. Negociação – Nessa fase a empresa e o fundo chegam a um acordo em relação ao valor da empresa e dos termos da operação.
  5. Análise do Comitê de Investimentos – Caso o fundo possua um comitê de investimentos, este delibera a aprovação da operação.
  6. Due-Diligence – Após a aprovação do Comitê de Investimentos, o fundo então conduz um processo de auditoria na empresa-alvo a fim de apurar eventuais contingências e analisar questões como aspectos societários, contratuais, contenciosos, entre outros.
  7. Investimento e Documentação – Com um resultado positivo da due-diligence, o investimento é concretizado e o fundo/empresa celebram um Contrato de Investimentos e um novo Acordo de Acionistas.

Obs: Fundos de Investimentos em Participação podem deter em carteira apenas ações, debêntures, bônus de subscrição ou outros títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações de emissão de Sociedades Anônimas. Portanto, caso a empresa seja constituída como uma Sociedade Limitada, durante o processo é necessário que a empresa se transforme em uma Sociedade Anônima.

  1. Monitoramento – Durante o período, o fundo acompanha o desempenho da empresa e põe em prática sua estratégia de criação de valor.
  2. Desinvestimento – O fundo vende suas ações e/ou outros títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações da empresa investida, retornando capital aos cotistas.

Quais são as desvantagens de um investimento de VC/PE?

Apesar de se tratar de uma modalidade de investimento em crescimento no Brasil e com uma proposta de valor diferenciada, VC/PE nem sempre será a melhor forma para uma empresa se financiar. As desvantagens mais comuns e que mais tendem a preocupar os empresários e empreendedores são as seguintes:

  1. Diluição do(s) sócio(s) originais
  2. Perda do controle da empresa
  3. Necessidade de prestar contas ao fundo em decisões/aumento da burocracia interna
  4. Tempo e esforço necessários para concretização do investimento

Tais desvantagens podem ser mitigadas das seguintes formas:

  1. A diluição do(s) sócio(s) originais é algo que vai ocorrer na vasta maioria dos investimentos de VC/PE e que empresários/empreendedores têm de estar de acordo desde o primeiro momento em que decidem buscar um fundo. O(s) sócio(s) original(is) devem considerar o valor da empresa, a participação que está disposto a abrir mão e a necessidade de investimento, para então buscar uma proposta que faça sentido. A lógica que deve ser seguida pelo empreendedor é que uma fatia menor de um bolo maior pode ser muito melhor para o empresário/empreendedor do que uma fatia maior de um bolo menor.
  2. Existem cláusulas que garantem uma posição equivalente em diversas matérias e devem ser negociadas de forma que reflita os interesses de ambas as partes. São cláusulas como: drag along (obrigação de venda conjunta), tag along (direito de venda conjunta), recompra garantida, preferências em caso de liquidação, entre outras.
  3. Ao mesmo tempo em que o fundo avalia a empresa, o(s) sócio(s) originais devem avaliar o fundo de VC/PE, focando em aspectos como: sua proposta de valor, exigências, obrigações e cultura corporativa. Fundos que não exigem o controle da empresa necessariamente acreditam no potencial do time por trás da operação e dificilmente adicionarão barreiras burocráticas ao bom funcionamento das tomadas de decisão. O fundo deve ser visto como um novo sócio e as melhores sociedades são sempre aquelas onde há um claro alinhamento de interesses entre todos os sócios.
  4. O processo de investimento de um fundo de VC/PE é longo e requer um firme comprometimento de ambas as partes para ser concretizado. Empresários/empreendedores podem reduzir drasticamente o tempo gasto durante todas as etapas inicias se buscarem entender as exigências do fundo e prepararem a empresa e todas as informações necessárias com agilidade. Todas as questões críticas e deal-breakers devem ser apresentados ao fundo na largada inicial do processo para fins de otimização de tempo de ambas as partes.

Quais as opções existentes para empresas e projetos que ainda não possuem porte para receber investimentos de VC/PE?

Nunca foi tão fácil e barato empreender como é hoje. Diversas inovações que ocorreram na última década permitem que empreendedores usem aplicações sofisticadas pela Internet, contratem programadores e designers a baixo custo, entre outras.

Além disso, diversas organizações brasileiras oferecem apoio a empresas emergentes de diferentes formas. Organizações como o SEBRAE oferecem serviços de apoio à gestão, incubadoras e coworks oferecem mentoria e/ou um espaço para as empresas trabalharem de forma gratuita ou de baixo custo.

Aceleradoras formam outro tipo de organização, que além de agir como mentores e auxiliarem o desenvolvimento do negócio, também podem fazer um investimento inicial nas empresas aceleradas. O programa Start-Up Brasil, iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) desde 2012 oferece uma plataforma para conectar e financiar aceleradoras e empresas selecionadas.

Crowdfunding é outra opção disponível que recentemente chegou ao mercado brasileiro. Através de plataformas online, empresas podem se financiar acessando diversos investidores individuais ou através da pré-venda de produtos. Exemplos dessas plataformas no Brasil são o Broota , Catarse  e Kickante.

Onde posso encontrar mais informações e aprender mais sobre VC/PE e o ecossistema da indústria?

Alguns recursos adicionais que recomendamos: 

Materiais da ABVCAP e ABDI:

Como Funciona a Indústria de Private EquitySeed Venture capital – Guia básico do funcionamento da indústria de VC/PE.

Documentação Básica em Operação com Fundos de Participação no Brasil  – Guia básico de aspectos jurídico-contratuais da indústria.

Quanto Vale o Meu Negócio?  – Panorama geral dos métodos de avaliação econômico-financeira de empresas.

Livros:

– Finanças

  • “Finanças para Executivos”, Gabriel Hawawini e Claude Viallet
  • “Administração Financeira”, Ross Westerfield Jaffe
  • “A lógica do Cisne Negro”, Nassim Nicholas Taleb

– Empreendedorismo e Negócios em Geral

  • “The Art of The Start”, Guy Kawasaki
  • “How to Get Ideas”, Jack Foster
  • “The Founder’s Dilemmas”, Noam Wasserman
  • “The Lean Startup”, Eric Ries
  • “Drive – The Surprising Truth About What Motivates Us”, Daniel H. Pink
  • “Good to Great” e “Great by Choice”, Jim Collins
  • “Against the Gods: The Remarkable Story of Risk”, Peter L. Bernstein
  • “Growing Pains: Transitioning from an Entrepreneurship to a Professionally Managed Firm”, Eric G. Flamholtz e Yvonne Randle

Palestras / Vídeos:

 The single biggest reason why statups succeed  Bill Gross, empreendedor e fundador da Idealab fala como chegou a conclusão do fator mais importante para startups serem bem sucedidas.

Something Ventured  – Documentário que traça um panorama histórico do nascimento da indústria de Venture Capital na costa oeste dos Estados Unidos.

Contrariando as Estatísticas  – Palestra do Marcos Gomes, empreendedor do Distrito Federal e fundador da boo-box, startup de publicidade online que recebeu aporte de fundos de Venture Capital.