Os motivos que levaram a Cedro Capital ao Brasil Central | Entrevista com Bruno Brito
agosto 31, 2020

03/08/2021

Criar alternativas de investimentos numa região com altas taxas de crescimento e que estava fora do radar da indústria de fundos fizeram os fundadores da Cedro Capital escolher o Brasil Central como área de atuação.  Em 2013, quando a gestora foi criada, quase dois terços dos recursos de Venture Capital eram destinados à São Paulo, seguido pelo Rio de Janeiro e estados do Sul. “O Centro-Oeste correspondia a cerca de 10% do PIB nacional, mas naquela época não tinha nem 1% do dinheiro de Venture Capital e Private Equity do Brasil” explica Bruno Brito, Managing Director da empresa.
Diante da oportunidade, a Cedro Capital ao longo desses 7 anos desenvolveu produtos financeiros para investidores institucionais do Centro Oeste, Tocantins e Minas Gerais, além de oferecer a oportunidade de diversificação regional. Desde 2016, quando o primeiro fundo foi lançado, a empresa já realizou 11 investimentos e vendeu participação em duas startups do portfólio. 

1. Depois de 4 anos do lançamento do primeiro fundo, que oportunidades ainda existem no Brasil Central?
Já existe uma boa massa crítica de empresas de tecnologia e bons empreendedores desenvolvendo negócios interessantes na região. Por isso estamos aqui, para ajudar no desenvolvimento desses negócios.
A inovação está sempre conectada à formação da mão de obra, então buscamos estar próximos dos centros de pesquisa e aceleradoras. Existem excelentes universidades na região do Brasil Central e os empreendedores que saem delas olham para a geografia em torno deles. Em Brasília, há uma grande oferta, por exemplo, de startups de tecnologia da informação, porque o governo consome muito disto.

2. Onde estão os principais polos de inovação dessa região?
São vários os polos de inovação nesta região. Brasília é, sem dúvida, um deles. Uberlândia é um centro importante também – a Gira, cuja saída foi anunciada recentemente, é de lá. Belo Horizonte, apesar de não ser exatamente entendido como parte do Brasil Central, é um centro próximo importante. Por fim, outro polo é Goiânia, onde temos duas empresas investidas hoje.

3. Qual a estratégia de captação de recursos da Cedro Capital?
Nós somos uma gestora multiproduto, com um fundo de Venture Capital para startups da região, um FIDC para antecipar créditos performados de cadeias produtivas locais, e um fundo multimercado. A estratégia central da Cedro reflete este posicionamento.
Quando você olha para o mercado brasileiro e analisa os produtos financeiros disponíveis para alocação de capital do investidor institucional, você chega à conclusão de que mais de 90% dos produtos têm lastro em ativos da região Sudeste, especialmente eixo Rio-São Paulo. O que estamos fazendo é desenvolver produtos financeiros e priorizá-lo para investidores institucionais locais, além de oferecer a oportunidade para quem quiser diversificar.

4. Qual o setor (ou setores) de techs com maior espaço para crescimento e desenvolvimento de novos negócios nesses estados?
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), o agronegócio e o setor de saúde são as principais verticais da região. Em Anápolis, por exemplo, existe um dos principais polos farmoquímicos do Brasil, e a presença de grandes companhias farmacêuticas movimentam esta cadeia do setor de saúde.
Mas nós da Cedro somos bem agnósticos em relação a setor. O que buscamos são boas oportunidades de investimento em empresas de tecnologia e inovação. Este é o drive dos nossos investimentos. Olhamos para vários setores: computação em nuvem, segurança cibernética, rastreamento, internet das coisas, tecnologias educacionais etc.

5. A Cedro Capital vendeu, recentemente, sua participação na Gira. O que este negócio, fechado com o Santander, representa?
A Gira foi um marco importante não só para o fundo como para o ecossistema de inovação geral no Brasil, isso porque pela primeira vez um grande banco adquiriu uma startup do agronegócio. Tenho absoluta certeza que a Gira, dentro da plataforma do Santander, vai crescer muito. Tem muita inovação e tecnologia lá dentro.

Fonte: ABVCAP News | Setembro 2020