Startup mineira revoluciona a relação de pais e escolas com a criação de uma agenda digital
março 3, 2018

Fonte: Estado de Minas

01/03/2018

Como uma ideia simples, que surgiu da necessidade pessoal de um empresário, se tornou um case de sucesso. A startup Escola em Movimento acaba de firmar uma parceria com um fundo de investimentos no valor de R$ 2 milhões

Foi-se o tempo que os filhos chegavam da escola com uma caderneta de papel contendo as notações dos professores sobre a agenda do dia seguinte. Em 2013, esta realidade “tomou bomba” com o surgimento da agenda digital – Escola em Movimento. Se trata de uma startup criada com foco no desenvolvimento de soluções para comunicação entre alunos, pais e colaboradores de escolas do ensino infantil, fundamental, médio e superior. A solução da empresa substitui aquela antiga agenda escolar, transformando-a em uma ferramenta versátil de comunicação através de smartphones e/ou web. 

Aplicativo escolar para comunicação

A Escola em Movimento atende hoje mais de 450 escolas particulares no Brasil e no exterior e, em 4 anos de operação, possui mais de 260 mil alunos em sua base. A empresa foi pioneira no segmento, criando aplicativos personalizados para instituições de ensino. Com a tecnologia desenvolvida, escolas conseguem reduzir custos com papel e ligações telefônicas, mas principalmente tornar a comunicação com os pais e alunos muito mais simples e eficaz. Atualmente, por meio da plataforma tecnológica da Escola em Movimento, as instituições de ensino podem enviar mensagens de texto, fotos, vídeos e demais arquivos para os usuários. É possível agendar eventos, criar canais de atendimento personalizados, ter estatísticas completas sobre o uso e gerir toda a comunicação pela ferramenta.

Entre outras funcionalidades, em 2017, incorporou ao produto a inovação do “Estou Chegando”, em que a escola é notificada pelo aplicativo da chegada dos pais, evitando assim o engarrafamento na saída dos alunos. “Acreditamos que nossa tecnologia vai evoluir a ponto de fazer ainda mais diferença na relação da escola com pais e alunos. Como empresa, queremos ajudar as instituições a melhorar esse relacionamento e assim potencializar a satisfação e retenção de alunos”, diz Guilherme Rocha. 

 Parceiros

Desde sua fundação, a Escola em Movimento trouxe para perto pessoas e empresas que a ajudaram a crescer e a se estruturar. Ainda em 2013, contou com o investimento anjo da JWW, holding familiar que fez o primeiro aporte. Em 2016, foi a vez da entrada da FC Partners, boutique de investimentos especializada em empresas familiares que trouxe uma grande experiência em gestão, governança e processos apoiando a estruturação e o crescimento do negócio. E a startup mineira celebra mais um passo em seu plano de desenvolvimento no mercado. A empresa acaba de receber um investimento de um fundo de venture capital gerido pela Cedro Capital, gestora de fundos e recursos, com o objetivo de desenvolver e acelerar seu negócio no valor de R$ 2 milhões. Para Guilherme Rocha Ribeiro, o investimento do Fundo potencializa o crescimento da empresa. “O aporte será destinado à aceleração do crescimento da startup no mercado nacional e ao desenvolvimento de novos recursos em nossa plataforma. Almejamos consolidar nossa posição de líder no segmento de agenda digital escolar, atingindo mais de 500 mil alunos até o início de 2019”, projeta Guilherme.

Segundo Leonardo de A. Silva, CMO e co-fundador da Escola em Movimento, A Cedro Capital, por meio do fundo, identificou o imenso potencial do mercado de tecnologia para a educação e valorizou a inovação oferecida pela empresa. “As agendas de papel foram usadas por muito tempo. Mas ali existia uma limitação natural na comunicação.

 
Entrevista com Guilherme Rocha Ribeiro

Como e quando surgiu a ideia de criar a agenda digital?

 A Escola em Movimento foi criada, basicamente, pela vivência de um problema bem real. Em 2013, meus filhos tinham acabado de entrar na escola infantil. Naquela época percebi a forma que era a interação e a comunicação entre a escola e as famílias. Precisa saber como era o dia a dia dos meus filhos na escolinha. Uma preocupação comum compartilhada com outros pais como: se a criança se alimentou bem, se conseguiu dormir, como foram às questões relacionadas à higiene, enfim, todos os assuntos relacionados à rotina da escola. E essas respostas vinham na forma de preenchimento na agenda. Então, pra quem é da área de tecnologia e vivenciou muito alguns movimentos de migração pro ambiente mobile e digital de várias soluções, pra mim ficou muito evidente que alguém, em algum momento, poderia criar um modelo digital. Para a nossa surpresa, esse movimento não tinha acontecido ainda. O ano de 2013 foi marcado pela consolidação da forma de se comunicar com o Whatsapp substituindo, de forma gratuita, o SMS. Então pensei: se as pessoas usavam o trocador de mensagens, significava que elas tinham um smartphone. E, em segundo lugar, que tinham um plano internet no celular. Então as duas coisas somadas, mais o estágio atual das escolas, víamos aquilo como um caminho interessante de negócio. Fui em busca de um investidor para nos ajudar naquela empreitada. Já tinha vivenciado também experiências nas escolas. Fui professor universitário, de ensino de jogos e adultos e coordenador de curso superior. Então, a experiência nesse meio me ajudou a entender muito bem como era a rotina estudantil. Mas, sem dúvida, entrar nas primeiras escolas-piloto nossas e entender as rotinas de comunicação foi fundamental para desenvolvermos um produto que fosse um sucesso.Como foi o início? As dificuldades enfrentadas e as estratégias que criaram para divulgação?

Todo início é complicado. Tem desafios das mais diversas ordens. Primeiro, foi preciso entender a realidade do que realmente seria atraente para o cliente. Depois, conhecer bem o produto antes de colá-lo à venda. E o interessante disso é que antes mesmo de desenvolver o produto, vendemos a ideia. E começamos a escutar das escolas os desejos delas. Com tudo anotado, voltávamos para casa, e aí sim, passamos a desenvolver um esboço de um produto que as escolas demandavam. E não aquilo que a gente imaginava que seria bacana para elas. Isto foi muito importante pra gente. Vender antes de ter o produto. Captar possíveis parceiros interessados. E aí então seguir com o desenvolvimento. Essa foi uma estratégia muito importante. E para divulgar, tentamos de tudo. O que mais funcionou foi bater na porta da escola, ser recebido pelas pessoas e falar sobre a ideia. A agenda digital com era uma coisa que ninguém entendia o conceito. Tivemos que elucidar o projeto na cabeça dos clientes, tirar todas as dúvidas e falar das múltiplas possibilidade para que eles tivessem interesse. Como não tínhamos muito capital, nossa estratégia usada para alcançar o mercado nacional foi buscar parceiros. Foi uma estratégia muito bacana logo no início de nossa ação comercial e nos ajudou a conquistar novos mercados e clientes sem ter a necessidade de investir muito capital. Vender o serviço principalmente para um cliente tradicional que é a escola é complicado, o contato humano ajuda muito nesse convencimento. Sem este contato não teríamos este sucesso.

Quem são os idealizadores e os cargos que ocupam hoje?

Originalmente, dos que estão presentes na empresa, somente eu e Leonardo Silva permanecemos na operação. Fui o idealizador da ideia e hoje o meu cargo é CEO da Escola em Movimento. Leonardo é o CMO, responsável pelas áreas de Marketing e Comercial.

Hoje o aplicativo é utilizado em 450 escolas no Brasil e Exterior (quais países?)

Hoje atuamos no Brasil e também no México. Tentamos também um parceiro no Canadá, mas o nosso produto não se adequava ao modelo canadense. Principalmente porque era muito voltado para escolas pequenas, e aí o produto não foi interessante por conta do custo-benefício. Estamos buscando outros parceiros na América Latina que tenham estruturas semelhantes à nossa, uma presença do privado muito grande.

Quanto foi o investimento inicial dos sócios na época do lançamento em 2013?

 O desenvolvimento de um sistema de informação, por mais simples que seja, ele tem um capital intensivo. É muito difícil você conseguir sócios técnicos, querendo arriscar e empreender no mercado, então a equipe técnica sempre foi na maior parte de profissionais que contratamos, seja em PJ ou CLT, terceirizados ou internos, mas é uma equipe cara. Esse investimento inicial, antes mesmo de gerar o produto, exige realmente um volume de capital maior. Nós tivemos um super anjo, que foi a empresa JWW, um fundo familiar que fez um aporte inicial durante dois anos, de 800 mil reais. Esse investimento foi fundamental para fazermos este primeiro ramp-up da empresa.

Quantos parceiros a startup tem atualmente?

 Pensando parceiros como sócios, começamos com a JWW, uma empresa de tecnologia aqui de Belo Horizonte, a Eteg Tecnologia. Depois, saiu a Eteg e veio a FC Partners, que agregou muito à nossa gestão. Depois disso, temos sócios minoritários. E também uma empresa parceira nossa na parte de digital, que sedia nossa equipe mobile, que fica em São Carlos, em São Paulo, que é a Token Lab – com um alto nível de domínio e expertise mobile. E recentemente, o aporte de R$ 2 milhões da parceria com o fundo de venture capital gerido pela Cedro Capital.

Quais as metas para os próximos anos?

 Em 2018, nossa meta é chegar a meio milhão de alunos, e nos próximos três anos é chegar entre um milhão e um milhão e meio, é realmente multiplicar isso por cinco nos próximos três anos. Basicamente, isso é número de alunos. Automaticamente aumentamos a nossa base, e podemos trabalhar outras ofertas para essa base.

Para finalizar, os pais tem acesso direto às notas dos filhos?

 Esta é uma pergunta interessante que é recorrente para pessoas que querem conhecer o produto. De imediato, não. Falo em imediato porque em várias escolas nós temos integrações com os sistemas acadêmicos. E com essas integrações nós buscamos a informação, enviamos a notificação dos pais quando a nota é lançada, ou até mesmo damos acesso ao boletim inteiro do aluno dentro do aplicativo. Mas porque que eu falo que isso é uma pergunta recorrente. É porque dentro do contexto escolar a nota, o resultado acadêmico, apesar da importância, é menos de 5% do que a escola comunica no seu dia a dia. A nota é legal, ela é importante. Inclusive queremos fazer mais coisas para exibir as notas no app. Mas são os outros 95% que dão a dor de cabeça para as escolas, e é isso que trazem a insatisfação dos pais. Não que queremos virar um sistema de gestão, não é nosso objetivo no mercado, mas agregar as informações dos parceiros e trazer isso para dentro do aplicativo.